domingo, 20 de setembro de 2009

Clichês de Hollywood


Após ser espancado violentamente por mais de cinco inimigos truculentos por mais de dois minutos, o mocinho sempre acaba revidando e vencendo a luta. Ou então, o lance final em um filme de esporte é sempre em câmera super lenta, com alguém suando em bicas e gritando, para no final, todos saberem que o time do protagonista vence. São clichês como estes que preenchem as exibições em salas de cinema e nos remetem diretamente para as produções de massa de Hollywood, a “fábrica de sonhos”. Não que todas as produções da terra do Tio Sam contem com tais situações já esperadas desde o início da exibição, mas grande parte dos filmes que poderiam caracterizar o ponto de vista reflexivo da sétima arte bombardeia os espectadores com clichês que, ora pregam o consumismo exacerbado, ora pregam campanhas políticas imperialistas e maniqueístas explicitas.
O problema não pára apenas no bombardeio de clichês, mas nas apologias ao status quo que a “telona” insiste em enfiar por garganta abaixo daqueles que a apreciam. E mais preocupante ainda é o uso da mídia cinematográfica como instrumento de desinformação; basta, para mim, citar como a política dos Estados Unidos, principalmente ao que concerne a intervenções militares, é sempre encarada pelo prisma heróico e onipotente, e problemas sociais e econômicos da África e Oriente Médio, por exemplo, beiram a caricatura. O filme “Salvador”, sob direção do hoje aclamado diretor Oliver Stone, é exemplo claro da preocupação norte-americana de “varrer para baixo do tapete” a sujeira do imperialismo maquiado. O filme, que narra a estória de um jornalista norte-americano enviado à El Salvador e que testemunha as atrocidades da guerra cometidas por ianques teve, na ocasião, de contar com auxílio financeiro britânico para a sua conclusão.
Mas há uma luz no fim do túnel, ou da projeção, como preferir. Alternativas pouco tradicionais de produções cinematográficas chegam para salvar-nos da ameaça massificadora. Um exemplo disso é o cinema iraniano, que a despeito das produções com mínguo recurso orçamentário - curiosamente não enriquecidas com urânio, tem lançado produções de alto cunho reflexivo. Faz-se valer aqui, o exemplo do filme “O balão Branco”, do produtor Jafar Panahi, que mesmo sem o recurso de cortes de continuidade, reflete sobre a importância da opinião infantil em face da realidade do mundo. Ou mesmo do cinema indiano, que foi agraciado com nada menos de oito premiações no Oscar deste ano, entre elas a de melhor filme e a de melhor diretor para o inglês Danny Boyle.
Fica clara, a meu ver, a necessidade de reflexão sobre as produções cinematográficas atuais, e a retomada de valores que impliquem na construção do pensamento crítico do telespectador. Isso não se limita a efeitos especiais estrondosos, sequências épicas já esperadas ou propaganda deslavada, mas sim de elementos que nos faça enxergar o que está acontecendo no mundo, mesmo que este seja simples e direto e se detenha na saga de uma pequena garota que acredita ser vital a compra de um peixinho dourado para a passagem de ano na tradição persa, e não uma linda atriz loira que entra, sem perspectivas intelectuais condizentes, em uma faculdade de direito de renome para se tornar a aluna número um da turma ou um vampiro vegetariano que se nega a beber sangue humano.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

(V)IDA





Vaidades, sonhos, aspirações que se vão. Ficam onde tudo parou. Ficam onde eu as deixei. Olho para mim mesmo em algum tempo que ficou. Este sou eu agora, mas vejo aquele que ficou. Ficou.


Invade-me a melancolia alternada ao desespero. Horas de repouso. Horas de ansiedade. Horas de lembranças. Horas de terror. Aqui estou eu agora. Não sei onde estava. Acho que sei aonde vou.


Diante de ti não sei sentir. É uma só vez. Não há repetir. Há alguém aqui? Segura-me a mão, mas se não puder, venha depois. Não acha que o dia é perfeito? Não se atarante. Vou.


Arrume tudo. Vou contigo, acho que agora já dá. Vamos tranqüilo; estou curioso para chegar, mas sem tanta pressa para ir. Que tal devagar? Que tal caminhar? Não se atarante. Agora sou seu. Agora só ida.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Obra de arte total - Wagner

Não foi pretensão. O nome do blog faz referência a teoria de Wilhelm Richard Wagner, que entre outros aspectos, teoriza a fusão dos elementos sonoros e atorais na ópera, desvinculando assim, a ideia de que as encenações musicais serviriam apenas de pano de fundo nas apresentações teatrais. Wagner pensava que a ópera, e outras apresentações e atuações, jamais seria a mesma depois de suas teorias. Estava completamente correto. O compositor pôs fim a divisão da ópera em atos separados entre si e criou um conceito de fusão da obra de arte. A obra de arte total.