sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Duelo de EU

Olhei para trás quando saí, não havia nada senão eu mesmo; parado e esperando que o “eu” que saiu voltasse pro “eu” que ficou. Depois que saí também parei para esperar que o “eu” que ficou me acompanhasse. Mas o “eu” que ficou permaneceu parado, estático, esperando que eu voltasse.
Olhei para o “eu”. O “eu” olhou para mim.
Meio que desconfiado o “eu” que ficou olhava para tentar entender o que eu estava pensando. E eu lá, parado, inerte e confuso; não sabia qual era o meu verdadeiro eu; se era o que ia ou o que ficava.
Aquele era um certo momento de hipnose. Dois “eus” se olhando era hipnótico. Loucura. Então pude sentir como seria outro alguém olhar para mim, mas para qual eu será que olhavam? Para o que ia ou para o que ficava? E lá estava o meu “eu” que ficava. Agora olhava para mim com um certo brilho no olhar.
E eu lá parado, esperando.
Os dois “eus” parados já não iam e nem voltavam, simplesmente pararam e ficaram. Eu contemplando eu. Era como que se um dos dois desviasse o olhar o outro venceria essa peleja de ego. Mas aos poucos foram voltando daquele estado de inércia hipnótica e com um sorriso sem graça se despediram sem palavras, viraram-se e seguiram.
O “eu” que estava indo foi e o “eu” que iria ficar, ficou.
Não entendi muito esse duelo, nem tão pouco qual dos dois era eu mesmo, só me calei.



Autor: Trujillo Sonnel

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