sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Elementos da ficção literária e ruptura de paradigmas concernentes a práticas pedagógicas no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”.

Além do aspecto sociológico que o filme aborda através de toda a problemática de caráter social e familiar peculiares aos anos 50, em instituições de ensino preparatório particulares dos Estados Unidos, o filme demonstra e exemplifica com riqueza, elementos constitutivos da ficção literária, bem como recursos alusivos inerentes a autores, suas obras e também a própria estrutura de composição usada pelos mesmos, bem como a ruptura com o modelo de ensino-aprendizagem utilizado no contexto do filme.
O novo professor de literatura do colégio propõe uma ruptura abrupta do paradigma de ensino tradicional e apresenta aos alunos uma abordagem pouco ortodoxa ao contexto em que os mesmos estão inseridos e acostumados; ele troca as aulas totalmente centradas no professor e faz com que os alunos se tornem críticos em relação a literatura e assim também a premissas importantes à vida. A máxima horaciana carpe diem faz alusão à necessidade que o professor identifica em libertar os alunos de parâmetros sociais que pouco ajudaria na formação de pensadores críticos.
A novidade, caractere de ficção literária, é encontrada aplicada ao próprio método de aula do professor. Quando os alunos são incentivados a subir na mesa e visualizar o que existe ao redor deles, o professor os incentiva a enxergar o novo dentro da linguagem literária.
A alusão ao autor Robert Frost se faz presente de maneira direta e indireta. Em uma das aulas, no pátio da escola, o professor cita para os alunos um trecho de seu poema “The Road Not Taken”, quando exemplifica para os mesmos sua teoria sobre o dilema da conformidade. Durante o filme, entretanto, nota-se a busca incessante dos alunos por quebrarem essa conformidade e a opção por “caminhos desconhecidos”, criando, dessa maneira, uma intertextualidade com o poema demonstrando a alusão de forma indireta no decorrer da trama.
Durante uma de suas aulas o professor pede aos alunos que rasguem e retirem toda a introdução de seu livro de poesia. Estava contida na introdução toda uma teria sobre criação literária e poética. Com este ato do professor, faz-se valer o caractere de estruturação da linguagem poética. Temos então, com a introdução, uma tentativa de se normatizar a criação poética de maneira lógica e coerente com normas lingüísticas. Em contrapartida quando o professor quebra esta regra de criação, entende-se que o filme faz outra alusão, desta vez concernente ao aspecto subjetivo da recepção poética e literária. O professor faz isso ao pedir que os alunos sintam a poesia ao invés de enquadrá-la de maneira supra pessoal.
Inerente a função da literatura, podemos também acrescentar que o filme remete a função catártica e pragmática da mesma. Esta porque provoca nos alunos uma ruptura com o modelo ideológico contextualizado e aquela porque purifica o espírito dos alunos e modifica sua visão de mundo.
Conclui-se que tanto para a função de quebra dos paradigmas de ensino, quanto para a exemplificação de elementos compositores da teria da literatura o filme carrega consigo riqueza de modelos e exemplos que podem ser aplicados de maneira instrucional e catártica em situações concernentes à sala de aula.

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