quarta-feira, 25 de março de 2020

Quem me espia por cima do ombro.

Escrevo aqui estes versos com voz indecifrável,
De temor insustentável
Tal como o soterrado se vê sob escombro,
é perceber que eu mesmo estou a ler sobre meu ombro.

Ai terror; sinistro e bizarro!
É bem de perto que sinto o meu faro
a farejar-me, bem junto ao meu pescoço.
Meta existência do eu que estava em calabouço
de meu pensar insano e tortuoso.

É de soslaio que me olho num ensaio
A ensaiar-me a espiar-me de soslaio
Eu, que escrevo, paraliso-me em medo
Eu, curioso, apenas leio em segredo.

N.M.

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